Um dos aspectos culturais proeminentes que deve ser relevado para justificar a pujança do carnaval de Várzea Alegre de agora, foi sem sombra de dúvidas a “charanga”.
Tudo começou no ano de 1966, morava lá, muito embora estudasse interno no Seminário do Crato e juntamente com meu compadre Marconi Proto, Luiz Filho, Norberto Rolim, Pedeco, Joemilton, Nilton de Dudu, Reginaldo, Célio, Tércio e César Costa, Joãozinho e Raimundinho Piau, dentre outros, nos reunimos detrás da Igreja de São Raimundo Nonato, munidos de um rádio, taróis, triângulos, surdos, chocalhos e colheres (tocadas por aqueles que não tinham ritmo) e fogos de artifício para assistirmos aos jogos da Copa do Mundo.
Em verdade, não era fácil torcer pelo Brasil naquele tempo. As transmissões eram feitas em ondas curtas de rádio, às vezes inaudíveis, deixando-nos ainda mais nervosos.
O Brasil estreou contra a Bulgária e vencemos por 2xO, com gols de Pelé e Garrincha, ambos na cobrança de faltas. O jogo seguinte foi um desastre, Sem Pelé, Zito e Fidélis, enfrentamos a Hungria e perdemos por 3x1. Restava Portugal, a sensação da Copa e perdemos também por 3X1. Saímos dali arrasados, entretanto, daquele fracasso, surgiria a fanfarra. (CHARANGA).
Já no ano seguinte, 1967, com os mesmos instrumentos (surdos, taróis, tamborins, chocalhos, etc.) utilizados naquele fracasso formamos o primeiro grande bloco urbano da cidade, dando origem a Escola de Samba “Charanga” que teve destaque inolvidável no final da década de 60 e início dos anos 70, animando os carnavais da terra de Papai Raimundo.
Para enfrentar a “Unidos do Roçado de Dentro” que tinha o afamado sanfoneiro Pedro de Sousa como timoneiro musical, trouxemos para a Charanga, nada mais nada menos do que o compositor José Clementino que desfilou na escola com a marchinha, cujo refrão, estampava nas estrofes, certo ar de contenda: “Os Generais do Samba, agora vão desfilar, os Generais do Samba, agora vão sambar... Olha a Charanga vem aí, agora sei que vou me divertir, ela é a bamba, ela é a tal, sem ela ninguém brinca carnaval”.
Creio que o compositor queria com aquela letra satirizar o governo ditatorial de 1964 onde só deu general. (Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médice, Ernesto Geisel e João Figueiredo).
Foi assim, que no final da década de 60, a Charanga e o Lions Clube de Várzea Alegre, que tinham em suas presidências, respectivamente, o estudante Célio Costa e o médico José Colares passaram a organizar os carnavais de clube no antigo CREVA – Clube Recreativo de Várzea Alegre, cuja sede estava precariamente instalada no casarão pertencente à tradicional família “Pimpim”, na Rua Major Joaquim Alves com o Beco de Gobira.
Posteriormente, a festa de carnaval foi transferida para o Recreio Social, localizado na parte térrea da Prefeitura, para tempos depois, voltar ao CREVA, em sua sede própria, construída através do gigantesco esforço dos médicos Pedro Sátiro e Iran Costa. Hoje o carnaval de Várzea Alegre é feito na rua.
Na verdade o carnaval varzealegrense, a cada ano que passa, fica mais atraente o me faz sentir muitas saudades... Lembrança de minha velha “CHARANGA”... Do Creva antigo e do Recreio Social... Dos amigos Tércio Costa e Joãozinho Piau que já se foram. Dos confetes e das serpentinas... Dos velhos carnavais... Dos velhos tempos que não voltam mais...
Mario Leal
Mário Leal, você descreveu muito bem como foi nossos carnavais nos últimos anos da década de 1960. A Charanga fez a diferença!Grande saudade!Porque não prestamos uma homenagem a Charanga participando no próximo carnaval com uma ala? Vamos pensar nisso?
ResponderExcluirA idéia da Isle é excelente! Se depender de mim, estou pronto para reeditar aquela história. Mario Leal
Excluircomo foram
ResponderExcluirA ideia da Isle é excelente por ter sido a Charanga um estopim da explosão carnavalesca do carnaval de Várzea Alegre.
ResponderExcluirJá estou pronta para desfilarrrrrrrrrrrr
ResponderExcluirHoje tivemos mais uma baixa na Charanga, que foi o saudoso Dr. César Costa.
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