VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

sexta-feira, 29 de março de 2013

006 - Do Tempo do Bumba! - Memória Varzealegrense


JUDAS  TROCADO - MUNDIM DO VALE

Em Várzea Alegre-Ceará, o pessoal costumava malhar o Judas ao invés de queimar como acontece em outros lugares.
Era sábado de aleluia do ano de 1965. Toim de mestre Horácio estava com Geraldo e Raimundo Leandro, bebendo cachaça e vinho Jurubeba no bairro Betânia. Lá uma hora Toim falou para os colegas:
- Eu vou já maiar o Juda.
Geraldo que estava um pouco melhor de que Toim falou:
- Bebo do jeito qui tu tá?
- E o que qui tem? O Juda tem qui pagar o qui ele fez cum Jisus Cristo.
Toim estava vestido numa calça e uma blusa de mescla de mangas longas, que de tão velhas já estavam cinzentas, um chapéu de palha que tinha pouca coisa além da aba. E um par de botas cano longo.  Saiu tombando e em cada bodega que encontrava pelo caminho, tomava mais umas duas ou três cachaças. As últimas foram na bodega de Zé Bitu onde ele fez o seguinte comentário:
- Seu zé, eu vou maiar o Juda e tem uma coisa. Os pedaço maior qui vai ficar dele é os pioi.
Zé Bitu com a presença de espírito que possuía respondeu:
- Tenha cuidado, Toim. Judas fez o que fez com Jesus Cristo. Imagine lhe pegando nesse estado.
Toim saiu da bodega, pela rua Major Joaquim Alves como quem estava fazendo prova de trânsito para moto. Ia de uma calçada a outra tombando. Quando passava em frente a igreja de São Raimundo, encontrou com Sá Nem que lhe perguntou:
- Pra onde tu vai bebo desse jeito, Toim.
- Ôxente coroa ! E eu num vou maiar o Juda.
- Do jeito que tu vai, É mais fácil tu ser malhado.
- Aí dento !
Sá Nem falava pela boca de um anjo.
Toim só aguentou até a frente da casa de Edvard Moreno. Lá ele deitou-se no tronco do benjamim, estirou as pernas e cobriu a cara com o chapéu. Não precisou ninguém cantar “ Boi da cara preta “ Toim já caiu no sono da embriaguez.
Logo depois passava uns meninos do Alto da Prefeitura caracterizados de penitentes, para pedir o que eles chamavam de jejum, de casa em casa. Um dos garotos viu Toim naquela posição e falou para os outros:
- Ei negada, óia ali onde tem um Juda, ramo maiar ele.
Os outro gritaram:
- Boooooora !
Cairam de pau em cima de Toim foi com vontade. A sorte de Toim foi Carlitos Cassundé que passava na hora e reconheceu. Tomou Toim das mão dos justiceiros já sem a blusa, as botas e sem mais nem um cabelo na cabeça.
No dia seguinte o pessoal que visitava toim, quando comentava lamentando ele dizia:
- Foi caboge qui Sá Nem botou im neu.



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