VÁRZEA ALEGRE TERRA DOS CONTRASTES - Mundim do Vale
Localizada no centro sul do estado do Ceará ficou conhecida no Brasil inteiro depois do musical Contrastes de Várzea Alegre, interpretado por Luiz Gonzaga e composto por Zé Clementino. Cidade que foi tema de um documentário da Rede Globo de Televisão, por ser uma cidade alegre, fazendo assim jus ao seu nome. Cidade que por brincadeira de um grupo de agricultores do sítio Roçado de Dentro, deu partida no samba, para ser hoje, com duas escolas, MIS e ESURD, detentora do melhor carnaval do interior cearense, atraindo turista do estado e do país. Cidade de um povo que transformas as adversidades em causos humorísticos. Cidade que Jesus foi intimado, que o padre era casado, que o sobrado é no oitão, que Telha Quebrada é filho de Zé Goteira e um cego da Boa Vista morreu afogado na Lagoa Seca. Cidade que aparece nos sonhos dos seus filhos que estão ausentes, mas não esquecem jamais. Várzea Alegre dos grandes adjuntos da colheita do arroz, animados pelo grupo de Maneiro Pau e a Banda Cabaçal. Várzea Alegre que quando os filhos que estão distantes se encontram dizem:
- Ou Várzea Alegre boa só é longe! Várzea Alegre que Manoel Cachacinha criou o slogan “Várzea Alegre é natureza! E para finalizar, Várzea alegre é a cidade que só nos deixa tristes quando estamos distantes.

sábado, 23 de março de 2013

001 - Do Tempo do Bumba! - Memória Varzealegrense

FEITIÇO  CONTRA  FEITICEIRO - Por Mundim do Vale

A minha memória hoje, retroagiu para o ano de 1956, em Várzea Alegre-Ceará.
Na rua Padre José Alves antes de ser pavimentada, tinha um depósito de cal pertencente ao Coronel Dirceu de Carvalho Pimpim. Ficava entre a minha casa e a lateral da casa do Coronel. Depois que foi desativado o depósito, aquele vão foi ocupado primeiro por Maria Caitano e depois por Manoel Boca Torta. Na rua não trafegava veículos e tinha uns matos com dois palmos de altura, entre a calçada da casa de João Bilé e o muro do jardim de Dona Dosa.
Um dia chegou Dedé de Júlio Xavier com os bolsos cheios de tiras de tecidos e falou para mim:
- Raimundim. Eu vou amarrar essa tiras de uns matos para os outros, qui é pra quando os caba passar, tacar o rabo no chão.
E assim ele fez. Depois nós ficamos na calçada da minha casa para olhar.
O primeiro que caiu foi Manoel Boca Torta. Parece até que ele tinha visto quem amarrou, porque foi direto onde nós estávamos e apontou logo o dedo Para Dedé dizendo palavrões naquela linguagem incompreensível.
Naquele momento Júlio Xavier passava na rau major Joaquim Alves e vendo que havia algum problema com o seu filho, partiu de lá quase correndo. Quando passava pelo mato caiu todo à granel. O tombo foi maior do que o de Manoel, porque Júlio era mais gordo e vinha mais rápido. Mas foi cair quase no mesmo lugar que o outro tinha caído.
Foi até onde nós estávamos mais zangado do que porco sendo castrado e perguntou:
- O que é que tá acontecendo aqui?
Dedé com as mãos nos bolsos, gaguejou e não conseguiu dizer nada.
Eu raciocinei rápido e tomei a defesa de Dedé:
- Foi porque os meninos da praça Santo Antônio amarraram os matos e Manoel caiu no mesmo lugar que o Senhor caiu e tá pensado que foi Dedé.
- Pois ele vai ter que provar. Vamos pra casa, José.
Quando Júlio pegou no braço do filho, a mão saiu do bolso acompanhada de um punhado de tiras.
Naquela hora a situação ficou ruim pra Dedé, porque Júlio foi logo dizendo:
- Então foi os meninos da Praça, não foi?
Não deu nem tempo de Dedé dizer foi.
Júlio pegou na orelha do filho com a mão esquerda e levou suspenso até a sua casa que ficava vizinha a Usina Diniz. E com a mão direita de vez em quando dava um pescoção.

Mundim do Vale
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