LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Meu nome é Mundim do Vale
Do vale da agricultura,
Criado no pé de serra
Cum feijão e rapadura.
Das coisa qui pobe come,
Qui dá sustança pru ome
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
No sertão nóis tem batata
Qui serve Cuma mistura
Se ficá cum bucho inchado
O chá de macela cura.
Prumode quebrá jijum,
Macaxêra e jirimum
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Lá tombém a gente escapa
Cum a galinha pedura
Come cabeça de bode
Adispois come a fussura.
Nóis come qualhada e quêjo,
Qui coisa de sertanejo
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
No tempo das inleição
Matuto sai da penura
Faz uma troca de voto
Pur um pá de dentadura.
Num é negoço bem feito.
Mais pulítico desse jeito
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Quando um fí vem de Sumpalo
Traz de lá ôta cutura
Vem cum brinco na urêa
E um celulá na cintura.
Fala qui tá dominado,
Pruque matuto abestado
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Prá nossos fí istudá
É qui a vida fica dura
A gente vai precurá
Iscola da prefeitura.
Mais vira uma paiaçada,
Pruque iscola feixada
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Quando lá num ái inverno
Nóis ramo pra prefeitura
Mais chega lá nóis incronta
O dotô cum a cara dura.
Nóis vorta bem caladim,
Pruque tombém coisa rim
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Quando um de nóis adoece
Vai pra rua atráis da cura
Mais quando chega no posto
O infermêro num atura.
Nóis vorta cum paciença,
Pruque misera e doença
LÁ IM NÓIS TEM CUM FARTURA.
Mundim do Vale