A FÉ E A DESORDEM - Por Mundim do Vale
No ano de 1953, foi feito um pequeno sensoriamento em Várzea Alegre-Ceará e tinha 86 por cento de católicos. Nos 14 restantes tinha evangélicos e alguns que não era uma coisa e nem outra, por falta de educação religiosa.
As missas do domingo na igreja matriz eram lotadas, ficava gente até nas calçadas.
Numa dessas missa dominical, aconteceu o que para o nosso vigário Padre José de Otávio, foi a maior agressão aos princípios religiosos.
Na hora da missa o cachaceiro Genésio Faísca passava com um colega de cachaça perto da igreja e tinha um sapo cururu próximo. Genésio falou para o outro irresponsável:
- Eu vou jogar esse cururu lá dento da igreja pra ver o que vai acontecer.
- Máis tenha coidado pele num bater im mãe qui ela tá lá dento.
Genésio pegou o sapo pelas costas e o bicho inchou que duplicou o tamanho. Arremessou o bicho na direção dos fiéis e o sapo foi acabar de morrer abraçado com Pedro Lourenço. Na confusão sem ninguém saber o que estava acontecendo, Chico de Amadeu fechou o órgão, Romana parou de cantar, as pastorinhas correram para a sacristia e o sr. Amadeu foi atrás de encontrar o Sr. Nelinho para atender o padre Otávio e Dona Raimunda Teixeira. O restante dos fiéis correram no meio da rua sem direção certa.
Assis de Cândida correu pra serra do Gravié mas desorientou-se e foi bater na Ribeira dos Bastiões, foram encontrá-lo um mês depois.
Meu primo Antônio Bezerra de Brito, desgarrou-se da sua mãe e correu para o Chico por dentro do mato.Na carreira ele passou por fiúza que perguntou:
- O que foi que aconteceu, Brito. Que tu tá amarelo e com a roupa toda rasgada. Tu viu o cão?
- Eu ouvi Genésio Faísca dizendo que a alma do padre Benedito tina aparecido dento da igreja de São Raimundo. Aí eu vi o povo correndo e corri também, Mas mãe ficou lá.
Mundim do Vale